Para Pensar ....

" Gosto de ser homem, de ser gente, porque não está dado como certo, inequívoco, irrevogável que sou e serei decente , que testemunharei sempre gestos puros, que sou e que serei justo, que respeitarei os outros que não mentirei escondendo seu valor porque a inveja de sua presença no mundo me incomoda e me enraivece. Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que a minha passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que o meu "destino" não é um dado mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade".
Paulo Freire























sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Resenha do livro Escola Aprendente : Para além da Sociedade de Informação.

O livro Escola Aprendente de Maria Helena Bonilla aborda a expressão chamada de sociedade da informação e apresenta um paradigma da nova era onde as tecnologias ganham ênfase e significado para o ser humano. Essa obra foi lançada em 2005 pela editora Quartet e foi tema de Mestrado da autora.
Bonilla é licenciada em matemática no ano de 1988 e mestre em educação na ciência em 1997 pela UNIJUI depois fez seu doutorado em educação na universidade Federal da Bahia. Maria Helena Silveira Bonilla é professora da faculdade de educação da UFBA, pesquisadora na área de educação e tecnologias e integra o grupo de pesquisa da área de educação, comunicação e tecnologias (GEC) da FACED/UFBA.
Em seu livro Escola Aprendente é feito a comparação dos programas de sociedade da informação nos países Brasil e Portugal discutindo possibilidades de construção onde na escola as tecnologias de informação e comunicação é adotada como elemento estruturante de uma nova forma de pensar e não como apenas mais um recurso didático.  Ela aborda que a nova sociedade pressiona a educação fazendo com que esteja ligada com os novos elementos do mundo, refletindo criticamente sobre o uso das tecnologias da informação, comunicação e educação, transformando a postura do professor frente à inclusão digital na busca de articulação do novo e velho estilo, constituindo uma escola Aprendente.
Seu livro é composto por VI capítulos com 224 páginas onde o primeiro e o segundo fala sobre a informação da sociedade contemporânea, a globalização, a origem da sociedade da informação e os programas sociedade da informação no Brasil (SOCINFO) e o de Portugal fazendo uma breve descrição e também uma comparação. Nos outros capítulos a autora já traz um estudo sobre a Sociedade do Conhecimento onde os programas de informação aparecem nitidamente como forma de exclusão. Depois no capitulo seguinte ela faz um breve relato sobre o que seria uma Escola Aprendente e os seus desafios, e nos seus dois últimos capítulos ela traz uma proposta de como a escola utiliza as tecnologias na instituição de ensino e nas aulas de forma a constituir redes.
Bonilla traz no contexto do seu livro que a sociedade contemporânea vive em um processo de aceitação das tecnologias onde é necessário pensar na inserção das TICS como algo além da disponibilização de informação. Apesar das tecnologias atuais terem potencial para atender a todos, ela primeiramente pressupõe o desenvolvimento econômico e tecnológico para depois atingir o desenvolvimento social, mudando o estilo de vida das pessoas e designando uma nova época chamada de sociedade da informação.
Para a autora desde a década de 70 muitos pesquisadores vem questionando e problematizando sobre a sociedade contemporânea surgindo vários conceitos do novo tipo de sociedade da informação, onde as pessoas são profissionais equipados, por sua educação e preparação, fazendo com que a tecnologia nos aproxime do mundo computadorizado. Ela também traz em seu livro a existência dos programas de sociedade da informação em diversos países que tem como eixo principal a economia, tecnologia, educação, cultura e cidadania, porém esses programas têm motivação explicitamente industrial, onde a comunidade de baixa renda não conseguiu ter acesso e o individuo não é capaz de participar, questionar, produzir, decidir, e transformar, pois pessoas alfabetizadas no mundo digital necessitam expressar criativamente, gerar informação para que realmente esteja incluso neste processo.   
Bonilla fala que a escola, de certa forma, se fechou para as transformações sociais que ocorrem no contexto atual, pois fora dela, conceitos, valores, saberes, se estabelece e começa a emergir a partir da presença das tecnologias. Com isso o governo e unidades de ensino vêm inserindo as TICs de forma burocrática apenas para modernizar e atrair maior número de alunos. Para ela cabe a escola retrabalhar as informações dando um novo significado onde não só o aluno que aprende, mas também os professores e a própria instituição, transformando-se em uma escola Aprendente onde é possível vincular as novas e velhas tecnologias, utilizando hipertexto, interatividade, rádio, TV e celular desencadeando assim um novo processo na educação.
Ela apresenta ainda sua pesquisa realizada numa escola Ijuí (R.S), onde os professores não apresentavam familiaridade com as tecnologias e através de um projeto desenvolvido fez com que todos tivessem novo olhar, repensando na sua dinâmica de trabalho e propondo novas ações onde o uso das tecnologias estaria inserido no planejamento e no uso dos professores. Para isso foram criados os recursos de Home pages, lista de discussões, chat e outro como forma de reconfigurar as salas de aulas e as dinâmicas pedagógicas rompendo assim as barreiras da escola com o contexto cultural predominante da cibercultura, socializando os trabalhos dos alunos e dos professores com objetivo de compartilhar conhecimento, idéias e experiências.
Bonilla afirma que as Tics são fundamentais nas unidades escolares, pois permitem a conectividade, porém a chave para transformação não se encontra apenas na figura do professor, mas é necessário que a instituição acolha e assuma o uso das tecnologias nas práticas pedagógicas, na organização educativa e nos seus projetos envolvendo a comunidade, os sistemas educacionais e as políticas publicas, pois só assim iremos ter uma escola Aprendente onde o conhecimento e construído e partilhado e os membros são autônomos no processo de aprendizagem, caso contrário o modelo educacional continuará o mesmo, apenas dito mais moderno , já que utilizamos as tecnologias de informação e comunicação.   
É um livro importante, tanto para educadores como para a família que estão vivendo, com seus filhos em idade escolar.
Resenhista: Raquel Dias Almeida Muniz, aluna do Curso de Especialização em Tecnologia e Novas Educações da Faculdade de Educação da UFBA.
  

Um comentário:

Paty Michele disse...

Depois de ler a sua resenha e a de Sheila, não preciso mais ler o livro, rsrsrsrs.
Bjo